Mel nasceu em uma pequena vila no topo das montanhas andinas. Filha do vento e do silêncio das alturas, ela sempre teve o olhar distante — como se enxergasse além do que todos viam. Seu pelo branco como nuvem e seus olhos atentos faziam dela uma observadora nata. Mel passava os dias nos telhados, contemplando o céu e os horizontes em busca de algo que não sabia nomear.

Numa madrugada clara, com o céu pintado de estrelas e brisas quentes, ela viu uma trilha de luz azul descer pela montanha. Sem hesitar, seguiu-a por rochas, vales e florestas até chegar a uma encosta com vista para um mar calmo e cintilante. Uma jangada mágica a esperava. Mel embarcou.

Dias depois, os Articulóides viram uma silhueta felina caminhando suavemente pelas pedras da praia. Cathy, a Lagarta, foi quem a recebeu com um sorriso gentil. Capitu achou que ela parecia feita de luar, e Bigodinho comentou que ela tinha jeito de quem veio de um sonho bom.

Mel não fala muito, mas observa tudo. Seu olhar ajuda a resolver problemas antes mesmo que aconteçam, e seu instinto aguçado guia os outros em tempos de dúvida. Foi Nix quem, ao vê-la olhar o mar com tanta calma e profundidade, sugeriu o nome: “Mel, a Gatinha do Horizonte”.

Desde então, Mel é presença constante nas manhãs calmas e nas conversas silenciosas. Todos a respeitam — não apenas por sua beleza serena, mas pela sabedoria que parece trazer dos ventos distantes.

Coleção 02