Em uma colina verdejante da Irlanda encantada, onde os ventos cantam baladas antigas e os trevos brotam em espirais, nasceu Clover, um pequeno dragão ruivo de escamas laranjas vibrantes e olhos que brilhavam como moedas de ouro. Diferente de outros dragões, Clover não soltava fogo — ele espalhava sorte.

Diziam que quem cruzasse o caminho de Clover encontraria um trevo de quatro folhas logo depois. Outros afirmavam que sua risada espantava nuvens de tempestade. Alguns até juravam que, ao ouvir seus passos leves na floresta, a colheita florescia no dia seguinte.

Mas Clover não gostava muito dessa fama. Ele só queria voar livre entre os campos, conversar com os corvos e brincar entre os círculos de pedras antigas. Seu maior segredo? Nas suas costas cresciam trevos verdes brilhantes, como parte de seu corpo, nascidos da magia pura da natureza.

Apesar de espalhar sorte aos outros, Clover se sentia um pouco perdido. Não sabia qual era o seu verdadeiro propósito. "De que adianta ter sorte, se não tenho um lugar só meu?", pensava enquanto observava as colinas ao pôr do sol.

Um dia, enquanto explorava uma caverna antiga atrás de um arco-íris, encontrou um espelho d'água encantado. Curioso, tocou sua superfície — e o espelho se transformou em um portal de luz esmeralda, puxando-o para dentro.

Clover flutuou por entre brilhos e estrelas cadentes, até cair suavemente sobre um campo de flores em uma ilha desconhecida. Ao seu redor, criaturas mágicas o observavam com curiosidade e encanto. Capitu, Cathy e Frank foram os primeiros a se aproximar. Quando viram os trevos verdes em suas costas, sorriram.

— Um dragão da sorte?! — exclamou Norberto, maravilhado. — Isso explica o arco-íris de hoje cedo!

Foi Cida quem se aproximou por último, com calma e carinho.

— Clover, seja bem-vindo à Ilha Articulóide. Aqui, sorte é compartilhar quem você é — e não esconder o que carrega.

Desde então, Clover entendeu: sua sorte era ser ele mesmo. E ali, finalmente, ele encontrou seu lugar no mundo.

Coleção 02